BENEFICIADO POR PRISÃO DOMICILIAR EM PANDEMIA, EDUARDO CUNHA ARQUITETA COMO ANULAR SUA CONDENAÇÃO

Em casa depois de três anos e cinco meses na cadeia, ex-presidente da Câmara dos Deputados minimiza seus atos de corrupção para defender tese de retaliação política por sua participação em impeachment de Dilma Rousseff

Ser chamado de “presidente” por parentes, empregados e visitantes eventuais é um dos poucos vestígios do passado influente. Em casa desde 26 de março, em prisão domiciliar autorizada pela Justiça Federal do Paraná por causa da pandemia do coronavírus depois de quase três anos e meio preso, Eduardo Cunha vê agora a política pela tela da TV permanentemente ligada na varanda nos fundos da casa. Limita-se a comentários vagos, do tipo “o país vai muito mal, as empresas vão quebrar”. O melhor de sua energia, no tédio do cárcere doméstico, vai para os processos e livros de Direito espalhados pela ampla mesa onde trabalha boa parte do dia. Sua maior obsessão é encontrar uma tese jurídica que suspenda a única prisão preventiva ainda vigente, da 13ª Vara Federal de Curitiba, para finalmente cruzar em liberdade os portões do condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, e revelar o rumo que pretende tomar na vida.