No Brasil, mais de 1 milhão de cirurgias eletivas foram adiadas em 2020
A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para a Saúde (Abraidi), através da 4ª edição do Anuário, evidenciou no dia 15 de abril os impactos da pandemia em diversos setores da saúde, denunciando que no Brasil cerca de 1,3 milhão de cirurgias eletivas deixaram de ser realizadas
“Para disponibilizar leitos aos pacientes de covid-19, o sistema público deixou de realizar 1,3 milhão de cirurgias eletivas em 2020, conforme o Datasus”, afirmou a Abraidi em seu anuário.
Diversos estados brasileiros, além de determinarem lockdowns, também proibiram a realização de quaisquer cirurgias eletivas e outros tratamentos de saúde em 2020, medidas readotadas em 2021.
“Durante a fase mais aguda da primeira onda da pandemia, entre os meses de março e maio de 2020, uma parcela bastante significativa dos associados praticamente paralisou suas atividades, em razão da suspensão, do cancelamento ou do adiamento de cirurgias eletivas. Essa situação levou muitas empresas a rever suas operações e promover mudanças para se manterem vivas”, pontuou a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para a Saúde.
Muitos dos associados da Abraidi têm sido diretamente afetados pelas medidas de governadores e prefeitos, além dos pacientes que continuam nas filas de espera do SUS.
“A disseminação da Covid-19 e os lockdowns impostos por diversos países afetaram a cadeia de suprimentos no mundo todo”, argumentou a entidade.
A Abraidi é uma das primeiras associações a declarar abertamente o balanço do impacto de algumas medidas adotadas no Brasil para o setor que abrange.
“O cancelamento, a suspensão ou o adiamento de cirurgias eletivas em 2020 por receio de contaminação por covid-19 causou um ‘encolhimento’ do mercado de dispositivos médicos implantáveis, materiais e equipamentos de apoio no Brasil, que passou de US$ 2,8 bilhões em 2019 para US$ 2,1 bilhões em 2020. O resultado representou uma contração de 26% no setor, resultante da queda de 22,2% na produção doméstica e de 29,5% nas importações.”
Além de afetar o mercado interno do setor de importadores e distribuidores de produtos para a saúde, as medidas afetam também a participação do Brasil no mercado mundial. Que em 2019 foi de quase 3% de influência no total do mercado global de dispositivos médicos implantáveis.
Durante o Boletim da Manhã desta terça-feira (20) os analistas políticos do Terça Livre comentaram sobre o assunto.
“De início eu gostaria de fazer uma conceituação. O que é uma cirurgia eletiva? É aquela cirurgia que pode ser adiada por até um ano, a princípio, sem graves prejuízos ao paciente. No entanto, por que existe essa marca de um ano? Porque, passando esse ano, já começa a ter graves prejuízos ao paciente. Não é, por exemplo, uma cirurgia estética, como uma cirurgia plástica, não. São cirurgias que implicam impactos na saúde da pessoa e que estão sendo adiadas ou canceladas”, esclareceu o jornalista Italo Lorenzon durante o programa.
“Eu tenho dois casos na família – estou falando do meu testemunho pessoal – de pessoas que vieram a falecer porque não tiveram tempo de fazer o tratamento (…) Quantos casos como esses aconteceram no Brasil?”, questionou.
Até o momento, dados sobre o registro de mortes de pacientes, direta e indiretamente, ligadas as suspensões dos procedimentos eletivos e outros tratamentos, não foram levantados no Brasil.
Em sua análise, Lorenzon ainda evidenciou os impactos dos cancelamentos de procedimentos médicos na qualidade de vida dos cidadãos.