Cientistas chineses criam embriões híbridos de humanos e macacos

Um grupo de cientistas chineses, na última quinta-feira (15), publicou na revista científica Cell a criação (em laboratório) de embriões de macaco contendo células humanas.

“A mensagem geral é que cada embrião continha células humanas que se proliferam e se diferenciam em graus diferentes”, diz Juan Carlos Izpisua Belmonte, biólogo do desenvolvimento do Salk Institute for Biological Studies em La Jolla, Califórnia, e um dos pesquisadores que liderou o trabalho.

Os cientistas informaram ser a primeira vez que células das duas espécies se comunicam com sucesso, sobrevivendo durante um período de 19 dias em cultura, gerando uma quimera (denominação para o ser criado a partir de dois animais).

O atual trabalho em pesquisa acabou dividindo os biólogos, que questionam os limites éticos envolvendo uma combinação de seres tão próximos na cadeia evolutiva e as possíveis consequências disso.

“Existem experiências muito mais sensatas nesta área das quimeras como fonte de órgãos e tecidos”, diz Alfonso Martinez Arias, biólogo do desenvolvimento da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.

Experimentos com animais de criação, como porcos e vacas, são “mais promissores e não arriscam desafiar os limites éticos”, acrescentou Martinez Arias. “Existe todo um campo de organoides, que podem, com sorte, acabar com a pesquisa com animais”.

Durante a pesquisa, cientistas fertilizaram óvulos extraídos de macacos-cinomolgos e os cultivaram em laboratório. Seis dias após a fertilização, a equipe injetou em 132 embriões células-tronco pluripotentes humanas estendidas. Com o resultado, os cientistas acreditam que “híbridos de humanos e animais” possam ser usados como cobaias para testes de drogas, além de testes para transplante. 

Sobre a descoberta, comentou o jornalista Max Cardoso durante o Boletim da Manhã: “O grande problema desse experimento é que você não sabe até onde eles querem chegar com isso. Acredito ser uma coisa muito nebulosa”, alertou o jornalista. “Parece que a ciência vai empurrando a Janela de Overton até vir o dia em que se chegue a uma coisa absurda, algo totalmente anti-ético”.

E acrescentou: “Isso daqui, para mim, já estaria passando de um limite que a própria comunidade científica deveria impor”.